Gestor Temporário

Quando Gustavo abriu a sua loja sem nenhum cliente e com pouco dinheiro, ficava todos os dias na porta sorrindo para quem passava. Convidava as pessoas para entrar. Acompanhava os clientes até a porta, carregando os pacotes deles. E o telefone não tocava duas vezes sem que ele atendesse.

Os anos passaram e hoje quando o telefone toca, ele grita: “alguém atenda!” E também, não raro, ele se esconde dos clientes. Por que será que Gustavo perdeu a paixão inicial pelo negócio? Perdeu a vontade de inovar e de criar coisas novas. Fazendo de sua vida uma rotina, além de andar para traz como caranguejo.

Ocorreu com Gustavo algo comum hoje em dia, a empresa quando ainda pequena sobra dinheiro no fim do mês. Mas quando cresce, o faturamento decuplica, o número de funcionários triplica e o dinheiro some.

Muitos empresários conseguem gerir bem a empresa enquanto ela é do tamanho que seus braços abarcam. Até porque todas as informações estão na cabeça dos diretores. Passou disso, perde-se o controle das operações e o caixa fica negativo. Não conseguem mais estruturar todas as áreas para manter o mesmo ritmo e as operações fluírem bem.

Perde-se então o controle do negócio. Já não conseguem mais nem identificar onde estão os obstáculos. E sem visão detalhada do operacional tudo se torna um caos. Entra bastante dinheiro, mas para onde vai é um mistério a ser desvendado.

Todas as tentativas são feitas, aumentam-se os preços e os clientes fogem. Aumentam-se a equipe de vendas e perdem-se na rotina. No final começa a financiar as operações com dinheiro fabricado nas instituições financeiras.

Para o diretor é muito difícil implementar as mudanças necessárias porque tem uma cultura arraigada na empresa. Ele tem compromissos pessoais, tem hábitos já conhecidos e apesar das qualidades, são seus defeitos usados para manter as coisas do mesmo jeito que estão.

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Aí entra em campo a opção de contratar um especialista. Um gestor temporário. Alguém sem nenhum vínculo com posições fincadas nas bases do “deixa como está porque é mais cômodo”. Por ser um profissional externo sua visão é sempre menos comprometida.

Deve ser um profissional tarimbado, capaz de colocar os negócios em ordem e na zona da lucratividade. Alguém que dirigiu várias empresas e tem experiência prática além da teórica.

O gestor temporário, contrata, demite, corta despesas, faz mudanças nas operações, treina pessoas, redefine o negócio.

Ele deverá iniciar uma medição constante para separar as despesas que diminuem o lucro, daquelas que maximizam os resultados, aumentando a rentabilidade. Contratar um funcionário de alto nível e já preparado é uma opção para sua empresa, se ele tiver em situação parecida.

Não titubeie, pense como as crianças que não desprezam a bolha somente porque ela explode. Elas começam sempre a soprar uma bolha nova. Pense nisso, mas pense agora!

Saulo Gouveia é consultor financeiro e organizacional e atua oferecendo novos significados para viver as virtudes em abundância. Articulista de A Gazeta, escreve neste espaço aos domingos.