Acho que Posso

Pedrinho era uma criança muito boa, mas tinha uma mania de dizer: “não sei”, “não posso” e “não dá”. Se sua mãe pedia para trazer uma cesta de lenha, dizia logo: “Não posso, é muito pesada”. E assim era em casa, na escola e onde quer que ele se encontrasse. A mãe falava-lhe, entristecida: – Meu filhinho, nem experimenta se é possível o que lhe peço, como sabe que não pode?

Certo dia, Pedrinho estava na mesinha de estudos, em seu quarto, fazendo um trabalho que a professora pedira, quando resmungou: – Não posso! Não sei fazer isso! Não dá certo! Nesse momento ouviu o apito do trem que passava perto da sua janela. Percebeu o trem muito carregado e disse: – Garanto que ele não poderá subir o morro, é muito pequeno.

Ficou a observar e teve a impressão que o trem dizia: – Schla-schla… Será que posso? Schla-schla… Acho que posso. Schla-schla… Estou podendo, estou podendo, estou podendo…E foi subindo, subindo… schla-schla…E chegou bem lá em cima apitando: “Puuuuuuude, puuuuuude.”

Pedrinho suspirou aliviado quando “ouviu” o trem: “Puuuuuuude, puuuuuude”. Saiu da janela e no momento em que seus olhos encontraram o trabalho que estivera fazendo começou a ouvir em si mesmo: “Schla-schla….será que posso? Schla-schla… Acho que posso. Schla-schla… Estou podendo, estou podendo, estou podendo… Schla-schla… Puuuuuuude, puuuuuude”. Sentou-se à mesa e disse: – Vou fazer como o trenzinho. Será que eu posso?

Foi o que bastou para com nova disposição terminar todo o trabalho e correr a mostrar para mãezinha. E, desde aquele dia, ninguém nunca mais o ouviu dizer: “não posso”.

A trava mental é uma das principais dificuldades do sucesso pessoal e profissional. Vemos inúmeras pessoas que na universidade são estrelas, tirando notas máximas, mas na hora de tocar a vida não conseguem andar a jornada com confiança e coragem. Tudo que fazem tem um toque de negativismo e de crenças limitadoras.

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São padrões mentais pregados na primeira infância e até na adolescência por pessoas despreparadas ou assim condicionadas para educar. Qualquer falha do jovem é combatida com frase do tipo: “Você não presta para nada mesmo” “você não será nada na vida com essa incompetência”, “como você é burro”. Está sendo formado um ser com um padrão quase intransponível de baixa autoestima. Essa pessoa terá no futuro a necessidade de muito esforço e força de vontade para ressignificar seus sentimentos. Essa superação dos próprios limites é possível, mesmo tendo crescido sob as condições descritas.

Sem crenças limitadoras podemos separar o que é apego, insegurança dos fatos, circunstâncias. Muitas vezes precisamos de coragem para tomar uma decisão, mas como misturamos os sentimentos de vaidade e orgulho deixamos a situação ficar quase insolúvel para agirmos.

Li de um autor desconhecido: “Você pode deixar-se paralisar pelo medo ou agir com o que tem e muita vontade de ganhar. Você pode amaldiçoar sua sorte ou encarar a grande oportunidade de crescimento que a vida lhe oferece. Você pode achar desculpas e culpados para tudo ou encarar que sempre você é quem decide o tipo de vida que quer levar”.

Se eu disser que posso, estou certo. Se eu disser que não posso, também estou certo. De qualquer forma vou para onde minhas crenças me levarem. Pense nisso, mas pense agora!

Saulo Gouveia é consultor financeiro e organizacional e atua oferecendo novos significados para viver as virtudes em abundância. Articulista de A Gazeta, escreve neste espaço aos domingos. saulo@br714.teste.website ou www.saulogouveia.com.br.