A Fórmula da Eficácia

O grande escritor grego Nikos Kazantzakis conta que, quando criança, reparou num casulo preso a uma árvore, em que uma borboleta preparava-se para sair. Esperou algum tempo, mas, como ela estava demorando muito, resolveu acelerar o processo, esquentando o casulo com seu hálito. A borboleta terminou saindo, mas morreu em seguida, pois suas asas tinham continuado presas.

Era necessária uma paciente maturação feita pelo sol, todavia o escritor não soube esperar. Era preciso confiar nas sábias leis do universo, entregar-se com confiança ao ritmo que Deus escolheu para a vida de todos os seres.

Você pediria a uma borboleta para esperar meia hora? Estaria pedindo para ela boa parte de toda a sua vida. E para um elefante? Bem, já que ele vive 100 anos, não restam dúvidas que ele esperaria com paciência.

Quanto tempo eu levo para escrever este artigo? Talvez 10 minutos ou 30, no entanto isso é relativo, pois o valor está no conteúdo, nas ideias, naquilo que nasce no meu interior e ofereço ao leitor, e não no tempo despendido.

A fórmula da eficiência exclui o fator tempo. Podem-se ter muitas ideias em poucas horas ou nenhuma em uma jornada. Ou passar a vida inteira sem ter uma só. Ou ter uma só que seja eficaz pela eternidade.

A eficiência poderá ser medida pelo tempo despendido, resultados medidos, quantidades de produtos confeccionados, mas a eficácia será o valor agregado daquilo que se fez ou criou. Ser eficaz é saber escolher melhor o que fazer e o que não fazer. Descartar tudo que é secundário, para viver em abundância de tempo físico, aquele que é medido, e o tempo mental, também o tempo psicológico.

Assim, você poderá ser eficaz no trabalho, no cinema, na praia ou lendo um livro. Qualquer dia, qualquer horário, num segundo ou ao acordar. A fixação por trabalhar horas a fio traz a repetição e estagnação, podendo, às vezes, ser eficiente, mas nunca eficaz.

O trabalho que dignifica será aquele que por escolha pessoal, trará uma relação humana e prazerosa. Já não é mais do nosso tempo ter o trabalho com um sofrimento, uma dor, um castigo pelo “pecado original”. Infelizmente ainda vige a mentalidade de que o trabalho leva à riqueza material na terra e ao paraíso no céu.

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A confiança nas leis naturais, a paciência para esperar as coisas acontecerem na hora certa – sem forçar, como no caso da borboleta-, a certeza que se fizermos a nossa parte, tudo o mais nos será acrescentado para nossa evolução e paz, será o norteador do labor valoroso.

Na vida, tudo é trabalho, ler, estudar, qualquer labor que gere algo útil, qualquer coisa que exercite a mente, mas nem toda ocupação é útil. Algumas atividades somente trazem preocupações e depressão. O trabalho prazeroso traz saúde, harmonia e paz. Já, ficar preocupado é como a ferrugem que corrói a lamina e destrói a fricção. Pense nisso, mas pense agora!

 

Saulo Gouveia é consultor financeiro e organizacional e atua oferecendo novos significados para viver as virtudes em abundância. Articulista de A Gazeta, escreve neste espaço aos domingos. saulo@br714.teste.website ou www.saulogouveia.com.br.