A Maçã Verde

A Maçã Verde

Num dia frio de 1942, em um campo de concentração nazista, um menino
solitário olha para além do arame farpado e vê uma menina que passa. Ela
comove-se com a presença dele. Sentem-se envolvidos ternamente. Ela joga
uma maçã por cima da cerca, ele apanha. A cena é repetida por alguns dias,
com troca de palavras. Enamoram-se. Mas um dia o menino disse: – Amanhã
não me traga mais maçãs, estão me mandando para outro campo.
Quinze anos depois no EUA, dois adultos, vão a um encontro marcado para
eles por amigos. A mulher pergunta: – O que você se lembra da guerra? Ele
responde: – Dos campos de concentração. E ela: – Eu me recordo de jogar
maçãs por cima da cerca para um menino. Ele: – E esse menino um dia disse
para você não trazer mais maçãs porque ele estava sendo mandado para outro
campo? Ela: – sim, como você sabe? Ele: – O menino sou eu. Quer casar
comigo?
No Dia dos Namorados em 1996, no programa de Oprah Winfrey eles
comemoravam quarenta anos de casados.
Era uma segunda-feira e lá estávamos, eu e minha esposa, com Dra. Vânia no
supermercado. Íamos aprender como fazer compras de produtos para as
nossas novas receitas alimentares. A nutricionista nos ensinava como e o que
comprar.
Tudo começou quando nós decidimos que deveríamos buscar a consultoria de
uma especialista para melhorar nossos hábitos alimentares. Ela mudou
radicalmente os alimentos consumidos e a forma de prepará-los.
Mas naquele dia algo me chamou a atenção por ser bem diferente do que eu
estava acostumado, Dra. Vânia pegou uma maçã verde, somente uma. Eu já ia
pegar mais, quando ela disse: – Esta semana você somente vai usar uma, não
precisa levar mais. Passei o resto do dia lembrando-me disso, não saia de
minha cabeça: só vou usar uma porque levar mais?
Isso mudou todo nosso conceito de compras, tanto no supermercado como de
outras coisas. Passamos a levar para casa somente o necessário para aquilo
que o objeto se propõe, bem como pelo tempo que definimos como o ideal para
o seu uso. O resultado foi, além de gastarmos menos, ficou mais fácil para
escolher, por exemplo, uma camisa. Outra vantagem é que quando já
enjoamos de usar uma calça, juntamos algumas doamos e compramos outras
novinhas.
Não são somente alimentos que jogamos fora por comprar mais que
precisamos. Se começarmos a fazer um passeio pela nossa casa vamos ver
muita coisa sem utilidade, obsoleta. Algumas usamos poucas vezes. Outras
não gostamos mais, outras compramos por impulso.
Escrevendo este artigo, fui buscar um objeto na minha escrivaninha. Nas
gavetas que procurava, envolvido pela lembrança da maçã verde, fui juntando
outros objetos, papéis, chaveiros, um montão de coisas que encheu uma
sacola. Todos obsoletos foram parar no lixo.
Sábio é aquele que utiliza o que a natureza oferece com equilíbrio. Sabe o
verdadeiro valor das coisas e tanto quanto o casal de nossa história real,
oferece o tributo ao sentimento do amor. Todos nós podemos contar quantas
sementes têm uma maçã, mas não conseguimos contar quantas maçãs
contém uma semente. Pense nisso, mas pense agora!

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