O Lazer Essencial
Nascemos nus e utilizamos muitas coisas para viver aqui na terra, mas quando partimos nada levamos, porque nada material é definitivamente nosso. Porém, existem duas coisas que nos pertencem, podemos fazer o que quisermos delas e levaremos as consequências de sua utilização para eternidade: O uso do tempo e nossas ações.
Sabemos que o tempo utilizado no trabalho é obrigatório para receber os proventos de nossa subsistência. Já o fim de semana é livre, podemos fazer dele o que bem entendemos e queremos. É pelo fim de semana que conhecemos nossos verdadeiros desejos, vontades e tendências; nossos princípios pessoais ficam evidentes. Cabe aqui uma pergunta perscrutadora: Será que sabemos aproveitar bem o tempo livre?
Bem, para fazermos nossas escolhas entra em campo a dupla: o tempo e nossas ações. Podemos estar no bar bebendo, em casa lendo, em um parque com a família ou na casa de alguém necessitado.
Pena que aprendemos apenas a ter o lazer sem pensar nos resultados. Crescemos educados para trabalhar e depois gozar. Aprendemos a buscar a agitação, o tumulto, satisfazer nossa vaidade em busca de prazeres efêmeros.
E mais ainda, com poluição sonora que vicia. Segundo pesquisas científicas o barulho constante leva o cérebro a coordenar a liberação de substâncias que produzem um alerta toda vez que se faz um silêncio prolongado. Por isso, quem se habitua a ruído constante não aguenta o silêncio.
Acontece que o tempo livre é quase metade de nossas horas disponíveis. No ano de 8.760 horas, temos 2.016 horas de trabalho, 2.920 horas para dormir e sobram 3.824 horas para o lazer.
Precisamos, então, de educação para desfrutar o tempo livre, dar-lhe sentido e utilidade. Objetivando a convivência fraterna com amigos e familiares, o repouso renovador, a solidão e o silêncio para conhecer-se e também oportunizar a criatividade geradora de ideias para bem viver.
A criatividade faz a conversão entre a fantasia e a realização, gera as ideias brilhantes e torna os sonhos realidade. Porém, ela é mais abundante nos momentos introspectivos, porque quando unimos lazer com estudo, há liberdade para pensar e as boas ideias aparecem.
As melhores decisões são tomadas em momentos livres. Por isso, uma vida excessivamente atarefada e distraída, dispersa o poder da imaginação, comprime a ação do pensamento e atordoa.
Um bom lazer deve prever momentos de extroversão e também de introversão. Necessitamos nos divertir despreocupados e darmos risadas. Além disso, precisamos de espaços para convivência íntima com pessoas que nos são caras, exercitar a empatia e sentir as necessidades do outro. Por fim, precisamos de tempo para introspecção, para nos conhecer, sentir nossa essência e vontades mais profundas.
É cultivando o hábito da boa leitura, assistindo um filme de cunho cultural ou uma palestra com temas reflexivos que vamos ficar emocionalmente despertos. Vamos oportunizar-nos a inspiração e percepção do que é essencial ou secundário. Pense nisso, mas pense agora!