A saúde ou o dinheiro?

A saúde ou o dinheiro?

E se nos questionassem: quanto dinheiro cada um recebeu desde o dia em que nasceu até hoje? E quanto desse dinheiro foi retido? A maioria não poupou e não sabe como fazê-lo. Por quê?

 As respostas são as mais diversas: “Não gosto de finanças”. “Acredito que dinheiro não presta”. “Quem tem muito dinheiro não vai para o céu”. E por aí vai. Confusão entre ter muito e abandonar com medo do inferno, ou não ter nada e nada aceitar com medo do inferno, como se fosse o dinheiro em si a causa de todos os males. Na verdade, é o apego ao dinheiro o que se faz com ele que a pessoa mantenha o “inferno” dentro de si.

 Narram os Evangelhos que um moço rico procurou o Rabi da Galileia em busca de uma resposta para a sua indagação que lhe corroía a alma:

 – Que devo fazer para herdar a vida eterna?

 O Mestre falou-lhe dos mandamentos, mas o moço rico afirmou que esses, ele os seguia. Voltou-se o Mestre para ele, fitou-o profundamente, com Seus olhos da cor do céu, e fez o convite: “vai, vende tudo o que tens (…); e vem, e segue-me”.

 O moço rico voltou às costas para o meigo Nazareno e foi buscar as glórias efêmeras nas corridas de bigas, aonde veio a falecer. O jovem rico tinha conhecimento das leis e pensava que as seguia. Temeu, no entanto, abandonar o aplauso das multidões e os louros das vitórias.

 Dada a importância que o poder, o sucesso e a segurança financeira assumiram na sociedade moderna, o estresse financeiro acaba resvalando em muitos outros aspectos de nossas vidas, prejudicando além da saúde física, os relacionamentos sociais. O estresse financeiro destrói casamentos, diminui a produtividade do empregado, abala amizades.

 As brigas sobre dinheiro são uma constante nas famílias, produzindo dores de cabeça, preocupação e nervosismo excessivo, hipertensão, ansiedade e depressão, insônia, problemas estomacais, fadiga e fraqueza, abuso de drogas, álcool e fumo, dificuldade de concentração, de relacionamento com a família e amigos. Isso também gera a incapacidade de lidar com situações financeiras futuras, de pagar contas, de realizar planos, de aposentar-se com dignidade, de dar estudo aos filhos, de manter o padrão de vida. E vem os sentimentos de inutilidade, baixa autoestima e pouca vontade de viver, ou de viver bem.

 As dívidas, a busca incessante pelo sucesso, o medo de perder o emprego ou a fonte de renda e com ele a habilidade de prosseguir com os próximos passos da escalada do sucesso, de não ser capaz de manter no status quo, ou o estilo de vida a que se está acostumado.

 O medo e não o dinheiro é a causa dos males e dificuldades pessoais, trazendo problemas emocionais e de saúde mental e física. Queremos ter o poder sobre as situações externas, sobre as pessoas, queremos ter posse da paz e como no fundo sabemos que isso é impossível, criamos o apego às coisas materiais e por consequência, já que não conseguimos lidar saudavelmente com o dinheiro, vem o vazio existencial.

 Inspirados nos conselhos do Mestre dos Evangelhos podemos meditar sobre quantos tormentos se poupa aquele que sabe contentar-se com o que tem, que nota sem inveja o que não possui, que não procura parecer mais do que é. É calmo, porque não cria para si necessidades ilusórias. E não será uma felicidade a calma, em meio às tempestades da vida?

 Vamos exercitar o desapego com disciplina e a vontade firme de superar experiências desafios, para viver dignamente, com o necessário e sem sofrer pelo supérfluo, nos educando quanto à oportunidade de ter somente sensações e optando pelos sentimentos nobres. Pense nisso, mas pense agora!